segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pôr a mesa

Durante a Idade Média, as grandes casas e os palácios não tinham uma sala de jantar porque a tradição era a de que os senhores comiam onde estavam. Na hora da refeição, o pessoal que trabalhava nas cozinhas colocava cavaletes com estrados por cima, ao que se chamavam mesas. Não havia talheres, a não ser a faca que cada um trazia sempre consigo. Comia-se quase tudo à mão. Para chamar os senhores para a refeição, os criados diziam aos seus amos que "...as mesas estão postas."

domingo, 28 de novembro de 2010

Levar Calote

Calote é o diminutivo de calo. No séc. XVIII, era comum, nas feiras, o comprador abocanhar a oferta (calote) e ir embora sem comprar o produto oferecido. Daí “levar o calote” significa vender alguma coisa e não receber o pagamento.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sem eira nem beira

Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Não ter eira nem beira significa que a pessoa é pobre, está sem grana.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Espírito de porco

Uma pessoa com 'espírito de porco' é uma pessoa cruel, ranzinza, que se especializa em complicar situações ou em causar constrangimento. A má fama foi reforçada no período da escravidão, quando nenhum dos escravos queria ter a tarefa de matar os porcos nas fazendas. Nessa época havia uma crença de que o espírito do porco ficava no corpo de quem o matava e o atormentava pelo resto de seus dias.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Abraço de tamanduá

O tamanduá, quando percebe algum perigo, se deita de barriga para cima e abre seus braços. O inimigo, ao se aproximar, é surpreendido por um forte abraço, que o esmaga. Daí, ser o”abraço de tamanduá” qualquer atitude falsa, desleal ou traição.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mãe coruja

Conta uma fábula que a coruja encontrou a águia, e disse-lhe:
- Ô águia, se vires uns passarinhos muito lindos num ninho, com uns biquinhos muito bem feitos, olha lá não os coma, que são os meus filhos!A águia prometeu-lhe que não os comeria; foi voando e encontrou numa árvore um ninho, e comeu todos filhotes. Quando a coruja chegou e viu que lhe tinham comido os filhos, foi ter com a águia, muito aflita:
- O águia, tu foste-me falsa, porque prometeste-me que não comias meus filhinhos, e mataste-os todos!
Diz a águia:
- Eu encontrei uns pássaros pequenos num ninho, todos depenados, sem bico, e com os olhos tapados, e comi-os; e como tu me disseste que os teus filhos eram muito lindos e tinham os biquinhos bem feitos entendi que não eram esses.
- Pois eram esses mesmos, disse a coruja.
- Pois então queixa-te de ti, que é que me enganaste com a tua cegueira.

Esta fábula é atribuída ao aparecimento da expressão "mãe coruja" pois aos olhos das mães os filhos são sempre perfeitos e lindos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Bode expiatório

A expressão significa que alguém recebeu a culpa de algo cometido por outra pessoa. A origem está em um rito da tradição judaica. Simbolicamente, o povo depositava todos os seus pecados num bode, que era levado até o deserto e abandonado. Dessa forma, acreditava-se que as pessoas estariam livres de todos os males que tinham feito.

domingo, 21 de novembro de 2010

Ter para os alfinetes

Em outros tempos, os alfinetes eram objetos de adorno das mulheres e daí que, então, a frase significasse o dinheiro poupado para a sua compra porque os alfinetes eram um produto caro. Os anos passaram e eles tornaram-se utensílios, já não apenas de enfeite, mas utilitários e acessíveis.

sábado, 20 de novembro de 2010

Cair da tripeça

A tripeça é um banco de madeira de três pés, muito usado na província, sobretudo junto às lareiras. Uma pessoa de avançada idade aí sentada, com o calor do fogo, facilmente adormece e tomba. Hoje a expressão é utilizada para qualquer coisa que, dada a sua velhice, se desconjunta facilmente.

Gatos pingados

Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão " gatos pingados " passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Chá de cadeira

Em 1808, a chegada da Família Real em terras brasileiras estabeleceu uma série de mudanças na cidade do Rio de Janeiro. Preocupados em preservar a distinção de seu cargo, os membros da Corte Lusitana estabeleceram uma série de medidas e práticas que simbolizavam sua posição superior. Além disso, novos hábitos de consumo, padrões estéticos e rotinas viriam a conceber a cidade do Rio de Janeiro enquanto capital do Império Português.

Dada a Independência do Brasil, a distinção entre os membros da elite e a população menos favorecida ganhou outros tantos elementos. Nessa época, a impontualidade servia como um artifício que atestava a importância de uma autoridade. Por isso, mesmo que não houvesse contratempo, os nobres e altos membros da burocracia deixavam as pessoas esperando horas e horas por uma
audiência. Isso significava que falar com “senhor fulano” ou o “doutor beltrano” era um privilégio único.

Geralmente, enquanto esperava pela oportunidade de serem ouvidos, os súditos tomavam xícaras e mais xícaras de chá que auxiliavam naquele interminável
exercício de paciência. Provavelmente, foi por conta desse hábito nada respeitoso que as pessoas começaram a dizer que tomaram um “chá de cadeira” enquanto esperavam ter uma reivindicação atendida. De fato, esses padrões estavam bem distantes da lendária pontualidade associada aos britânicos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Queimar as pestanas

Antes do aparecimento da eletricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar num mometo de descuido queimar as pestanas. Por essa razão, aplica-se àqueles que estudam muito.

Pomo da discórdia

A raiz dessa expressão está na mitologia grega, segundo a qual, Éris – a deusa da discórdia – foi a única a não ser convidada para o casamento entre Tétis e Peleu. Por isso, decidiu ir à cerimônia para vingar-se. Jogou sobre a mesa da cerimônia uma maçã de ouro (o pomo) com a inscrição “À mais bela”. O presente provocou a discórdia entre Hera, Atena e Afrodite: as três reclamaram o título. A decisão coube a Páris e a escolhida foi Afrodite, que prometeu a ele a mais bela das mulheres como esposa. Tal mulher era Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta. Helena fugiria com Páris para Tróia, provocando a lendária guerra entre gregos e troianos.

Surdo como uma porta

Grande parte dos estudiosos da língua atribui à Roma antiga a origem da expressão usada para designar pessoas que não escutam direito. Na época, as portas tinham um caráter meio mágico. Quem passava por elas saía de um mundo, o externo, e entrava em outro. “Ultrapassar uma porta, uma passagem, era estar sob o controle de uma divindade doméstica, que podiam ser os conhecidos por deuses lares ou o espírito da casa, o genius”, diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Universidade Estadual de Campinas.
Os romanos, por isso, tinham como hábito falar palavras mágicas em frente às portas, além de fazer pedidos a elas. E passaram a relacionar os pedidos que não se concretizavam a uma suposta “surdez” da porta. Esse velho costume foi registrado pelo escritor latino Festo, que viveu no século 4.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Baderna

Uma bailarina de nome Marietta Baderna fazia muito sucesso no Teatro Alla Scalla, de Milão. Ao apresentar-se no Brasil, em 1851, causou frisson entre seus fãs, logo apelidados de “os badernas”. O sobrenome da artista, de comportamento liberal demais para os padrões da época, deu origem ao termo que significa confusão, bagunça.

Para inglês ver

A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas. Assim, essas leis eram criadas apenas "para inglês ver". Daí surgiu o termo.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vá plantar batatas

A origem desta frase é portuguesa. Antigamente, em Portugal, país mais voltado às navegações e à pesca, a agricultura, conquanto fornecedora de alimentos básicos, era vítima de certo desdém. Algumas de suas culturas eram ainda mais depreciadas, como era o caso da batata, que demorou a entrar para a culinário portuguesa e brasileira. Era tida como alimento vulgar, e quem se dedicasse a plantar batatas estava se sujeitando a uma atividade desqualificada. A expressão aparece registrada em O povo português, obra do famoso poeta, folclorista e político lusitano Teófilo Braga (1843-1924), comentando a decadência das pequenas indústrias, ocasião em que trabalhadores qualificados, de repente sem emprego, foram aconselhados a plantar batata.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Entrar com o pé direito

Esta frase revela antiga superstição que o Império Romano espalhou no mundo inteiro. Nas festas realizadas na antiga Roma os convidados eram avisados de que deveria entrar nos salões dextro pede (com o pé direito) para evitar o agouro. Famosas personalidades brasileiras seguiram essa recomendação, entre as quais Rui Barbosa, que a registrou em discurso proferido às vésperas da posse do marechal Hermes da Fonseca (1855-1923): "que o novo presidente entre com o pé direito". Mas ninguém acatou mais a superstição que Alberto Santos Dumont, que mandou construir em sua residência escadas por onde só era possível subir ou descer iniciando-se o percurso com o pé direito.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

É de tirar o chapéu

Foi no reinado de Luís XIV, o Rei Sol, que a França disciplinou as saudações feitas com o chapéu. O costume vinha dos templos da mais parda das eminências, o cardeal Richelieu, à época de Luís XIII. Os cumprimentos podiam ser feitos com um toque na aba; erguendo-o um pouco, sem retirá-lo da cabeça; tirando-o inteiramente ou fazendo-o roçar no chão, quase como uma vassoura, tudo dependendo da importância social de quem era saudado. Como se sabe, os Luíses XIII e XIV foram reis que se preocuparam muito com chapéus. Logo depois, um os mais famosos da sequência, Luís XVI, perdeu muito mais do que o chapéu: a própria cabeça, na Revolução Francesa.

domingo, 7 de novembro de 2010

A cavalo dado não se olham os dentes

Sua mãe provavelmente ensinou a nunca desdenhar daquilo que você recebe de presente. Se um dia você ganhar um cavalo, por exemplo, nunca olhe a arcada dentária do animal na frente de quem te deu. Isso porque os dentes do cavalo não nascem de uma vez, sendo que os últimos só surgem no quarto ou quinto ano de vida do animal. Assim, olhar os dentes dele significa verificar qual a idade do equino, o que pode ser bastante deselegante. Na satírica visão de Mário Prata, no livro “Mas será o Benedito?”, a expressão popular no entanto tem raiz histórica na avareza da família real portuguesa. Ao chegar ao Brasil, Dom João VI teria usado cavalos em péssimo estado como moeda de troca. E a quem reclamava ele usava a expressão “a cavalo dado não se olham os dentes”.

Encher Linguiça

Quando falamos ou escrevemos coisas sem importância, apenas para ocupar mais tempo ou espaço, dizemos que estamos "enchendo linguiça". De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, essa expressão derivou de um sentido figurado. Sua origem está no processo de fabricação de linguiças, que são feitas com diferentes tipos de carnes. Esse material é processado, unido a temperos, condimentos e gordura e depois misturado até formar uma massa uniforme. Terminado esse processo, é hora de encher linguiça, ou seja, de colocar esse material dentro das tripas até que elas fiquem com o aspecto do alimento. Hoje em dia, o controle de qualidade é mais rigoroso, mas houve um tempo em que qualquer resto de carne e gordura servia. Daí a origem da expressão.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Foi o Maior Arranca-rabo

Esta frase, que exprime grande confusão, nasceu do deplorável costume que os primeiros guerreiros adotaram nos campos de batalha, consistindo em cortar os rabos das montarias dos inimigos. Um oficial do exército do faraó Tutmés III (1504-1450 a.C.) ensejou um de seus primeiros registros ao vangloriar-se de ter decepado a cauda do cavalo do próprio rei adversário, para ele um ato tão importante que o inscreveu em seu epígrafo. O costume chegou a Portugal, de onde veio para o Brasil, tendo sido aplicado não somente aos cavalos, mas também ao gado das fazendas inimigas, para humilhar seus proprietários. 

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Custar os Olhos da Cara


A história desta frase começa com um costume bárbaro de tempos muitos antigos, que consistia em arrancar os olhos de governantes depostos, de prisioneiros de guerra e de indivíduos que, pela influência que detinham, ameaçavam a estabilidade dos novos ocupantes do poder. Cegos, eles seriam inofensivos ou menos perigosos. Naturalmente, a expressão alude também ao incomparável valor da visão. Por isso, pagar alguma coisa com a perda dos olhos passou a ser sinônimo de custo excessivo, que ninguém pode pagar. A expressão tem servido para designar preços exagerados em qualquer produto. Um dos primeiros a registrá-la foi o escritor romano Plauto (254-184 a.C.), numa das 130 peças de teatro que escreveu.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Dar uma de João-sem-braço

A expressão é usada para designar as pessoas que escapam de fazer alguma coisa, dando uma desculpa que não se justifica. De acordo com o escritor Deonísio da Silva, autor de "A Vida Íntima das Frases", ela teria vindo da época das guerras civis de Portugal. Os feridos e aleijados não podiam trabalhar nem voltar à luta. "Simular não ter um ou os dois braços constitui-se em escusa para fugir ao trabalho e a outras obrigações. Não demorou e a expressão 'dar uma de João-sem-braço' migrou para o rico, sutil e complexo reino da metáfora, aplicando-se a diversas situações em que a pessoas se omite, alegando razão insustentável".

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Puxa-saco

A expressão puxa-saco começou a ser usada na era militar. Os oficiais não colocavam suas roupas em malas, mas em sacos durante as missões. E quem carregava as bagagens para tudo que é lado eram os soldados.
As roupas, os mantimentos eram carregados em sacos e os soldados levavam tudo deles e dos seus oficiais, lá dos chefões dos quartéis, como cabo, general, etc. Levar esses sacos era algo pesado e contra a vontade pois era obrigatório e não opcional. Então os sacos eram puxados e isso virou sinônimo de submissão, bajulação.
A expressão "puxa-saco" com o passar dos anos passou a definir todos que bajulavam superiores ou qualquer outra pessoa para agradar com segunda intenção.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Enfiar o Pé na Jaca

A expressão significa embriagar-se, cometer excessos, mas não tem nada a ver com a fruta amarela nativa da Ásia. O certo seria ‘‘enfiar o pé no jacá”, com acento. Jacá, do tupi “aya’ka”, era um cesto feito de bambu ou cipó. Ele era usado preso no lombo de animais de transporte de carga no Brasil colonial, entre os séculos 17 e 18. Em suas viagens, quando os tropeiros paravam em vendinhas e exageravam na bebida, passavam por situações constrangedoras, como pisar nos  jacás na hora de montar no cavalo e se esborrachar no chão.

A Presidente ou A Presidenta?

Eleita para a Presidência da República, Dilma Rousseff  suscita uma dúvida. A partir de 1° de janeiro, ela será chamada de presidente ou presidenta do Brasil? 
As duas formas são aceitas pelos dicionários de língua portuguesa para definir a mulher que ocupa o cargo máximo de um país.