sábado, 18 de dezembro de 2010

Hors Concours

Pronuncia-se /ór concur/. Não é Inglês e nada tem a ver com cavalos, como alguns pensam (confundem com "horse"). É Francês, e significa, literalmente, "fora da competição, fora do concurso". Usa-se para algo excepcional que vai ser apresentado numa exposição, numa mostra, sem estar competindo com os demais, até por ser de qualidade superior. Por exemplo: numa exposição de quadros dos alunos de uma faculdade de Artes, pode haver um pintor, já famoso, que apresente as suas obras "hors concours" - isto é, ele não está competindo, senão não teria graça. Por causa desse significado, dizemos que qualquer coisa é "hors concours" quando é o máximo, sem comparação: "a comida deste restaurante é hors concours".

sábado, 11 de dezembro de 2010

Voltar à vaca fria

É uma expressão usada para retornar ao assunto principal em uma conversa, discurso ou discussão, que foi interrompida por divagações em temas periféricos. Como a vaca entrou nessa, é outra história.
De acordo com o professor Ari Riboldi, no seu livro 'O Bode Expiatório', essa expressão é a tradução da muito usada na França "revenouns à nous moutons", ou seja, voltemos aos nossos carneiros. Essa frase fazia parte da peça teatral 'A farsa do Advogado Pathelin', sobre um roubo de carneiros.
Esta peça, considerada a primeira comédia da literatura francesa, data do fim da Idade Média, precisamente do ano de 1460. Infelizmente, não se tem conhecimento do seu autor.
Porém, a tradução para o português da expressão acabou transformando os carneiros em uma vaca. Essa distorção, segundo Riboldi, possivelmente se deva ao fato de que era costume, em Portugal, servir um prato frio feito com carne de gado antes das refeições, ao qual muitos comensais recusavam. Estava dispensda, assim, a "vaca fria".

Que massada!


É uma alusão à fortaleza de Massada na região do Mar Morto, Israel, reduto de Zelotes, onde permaneceram anos resistindo às forças romanas após a destruição do Templo em 70 d.C., culminando com um suicídio colectivo para não se renderem, de acordo com relato do historiador Flávio Josefo. Exclamação usada para referir uma tragédia ou contra-tempo.

Dose para cavalo

Dose para cavalo , dose para elefante ou dose para leão são algumas das variantes que circulam com o mesmo significado e atendem às preferências individuais dos falantes. Supõe-se que o cavalo, por ser forte; o elefante, por ser grande, e o leão, por ser valente, necessitam de doses exageradas de remédio para que este possa produzir o efeito desejado. Com a ampliação do sentido, dose para cavalo e suas variantes é o exagero na ampliação de qualquer coisa desagradável, ou mesmo aquelas que só se tornam desagradáveis com o exagero.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Fazer das tripas coração

Não se sabe ao certo quando surgiu a frase "fazer das tripas coração", usada quando alguém consegue resistir a uma adversidade mais do que se supunha possível. Mas é fácil entender o que a expressão significa.
É claro que as tripas, ou intestinos, são muito importantes para qualquer organismo. Mas nada se compara ao coração, órgão responsável pela circulação do sangue, que transporta oxigênio e nutrientes para as células.
Assim, "fazer das tripas coração" é realizar um esforço sobre-humano, comparável ao de pegar as tripas, com suas funções bem mais limitadas, e conseguir que elas assumam a importância que tem o coração.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Lua de mel

A expressão vem do inglês honeymoon. Na Irlanda, na Idade Média, os jovens recém-casados tinham o costume de tomar uma bebida fermentada chamada mead – ou hidromel, composta de água, mel, malte, levedo, entre outros ingredientes. O mel era considerado uma fonte de vida, com propriedades afrodisíacas. A bebida deveria ser consumida durante um mês (ou uma lua). Por essa razão, esse período passou a ser chamado de “lua de mel”.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Pensando na morte da bezerra

A história mais aceitável para explicar a origem do termo é proveniente das tradições hebraicas, nas quais os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redenção de pecados.
Um filho do rei Absalão tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, após o animal morrer, ficou se lamentando e pensando na morte do mesmo. Após alguns meses o garoto morreu. Foi desta forma que surgiu tal expressão.

Bafo de onça

A onça é um animal carnívoro que se lambuza bastante na hora de comer a caça. Por esta razão, fede muito e sua presença é detectada à distância na mata. Assim, pessoas que possuem o hálito fétido passaram a ser chamadas de "bafo de onça". A expressão também faz referência ao hálito de quem está (ou esteve) alcoolizado.

Estar com a pulga atrás da orelha

Significa estar preocupado, desconfiado ou suspeitar de algo ou alguém. Mas qual será a origem desta expressão? Bom, durante milhares de anos, o ser humano foi vítima desse bichinho impertinente. Até meados do século XX, a pulga era, sem dúvida, um problema muito grave: montes de pulgas viviam nos colchões, nas almofadas, nos cabelos, nos armários... Agora imaginem o desconforto de alguém, que acorda no meio da noite com uma dor horrível no ouvido, e encontra uma pulga sugando seu sangue?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pôr a mesa

Durante a Idade Média, as grandes casas e os palácios não tinham uma sala de jantar porque a tradição era a de que os senhores comiam onde estavam. Na hora da refeição, o pessoal que trabalhava nas cozinhas colocava cavaletes com estrados por cima, ao que se chamavam mesas. Não havia talheres, a não ser a faca que cada um trazia sempre consigo. Comia-se quase tudo à mão. Para chamar os senhores para a refeição, os criados diziam aos seus amos que "...as mesas estão postas."

domingo, 28 de novembro de 2010

Levar Calote

Calote é o diminutivo de calo. No séc. XVIII, era comum, nas feiras, o comprador abocanhar a oferta (calote) e ir embora sem comprar o produto oferecido. Daí “levar o calote” significa vender alguma coisa e não receber o pagamento.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sem eira nem beira

Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Não ter eira nem beira significa que a pessoa é pobre, está sem grana.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Espírito de porco

Uma pessoa com 'espírito de porco' é uma pessoa cruel, ranzinza, que se especializa em complicar situações ou em causar constrangimento. A má fama foi reforçada no período da escravidão, quando nenhum dos escravos queria ter a tarefa de matar os porcos nas fazendas. Nessa época havia uma crença de que o espírito do porco ficava no corpo de quem o matava e o atormentava pelo resto de seus dias.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Abraço de tamanduá

O tamanduá, quando percebe algum perigo, se deita de barriga para cima e abre seus braços. O inimigo, ao se aproximar, é surpreendido por um forte abraço, que o esmaga. Daí, ser o”abraço de tamanduá” qualquer atitude falsa, desleal ou traição.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mãe coruja

Conta uma fábula que a coruja encontrou a águia, e disse-lhe:
- Ô águia, se vires uns passarinhos muito lindos num ninho, com uns biquinhos muito bem feitos, olha lá não os coma, que são os meus filhos!A águia prometeu-lhe que não os comeria; foi voando e encontrou numa árvore um ninho, e comeu todos filhotes. Quando a coruja chegou e viu que lhe tinham comido os filhos, foi ter com a águia, muito aflita:
- O águia, tu foste-me falsa, porque prometeste-me que não comias meus filhinhos, e mataste-os todos!
Diz a águia:
- Eu encontrei uns pássaros pequenos num ninho, todos depenados, sem bico, e com os olhos tapados, e comi-os; e como tu me disseste que os teus filhos eram muito lindos e tinham os biquinhos bem feitos entendi que não eram esses.
- Pois eram esses mesmos, disse a coruja.
- Pois então queixa-te de ti, que é que me enganaste com a tua cegueira.

Esta fábula é atribuída ao aparecimento da expressão "mãe coruja" pois aos olhos das mães os filhos são sempre perfeitos e lindos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Bode expiatório

A expressão significa que alguém recebeu a culpa de algo cometido por outra pessoa. A origem está em um rito da tradição judaica. Simbolicamente, o povo depositava todos os seus pecados num bode, que era levado até o deserto e abandonado. Dessa forma, acreditava-se que as pessoas estariam livres de todos os males que tinham feito.

domingo, 21 de novembro de 2010

Ter para os alfinetes

Em outros tempos, os alfinetes eram objetos de adorno das mulheres e daí que, então, a frase significasse o dinheiro poupado para a sua compra porque os alfinetes eram um produto caro. Os anos passaram e eles tornaram-se utensílios, já não apenas de enfeite, mas utilitários e acessíveis.

sábado, 20 de novembro de 2010

Cair da tripeça

A tripeça é um banco de madeira de três pés, muito usado na província, sobretudo junto às lareiras. Uma pessoa de avançada idade aí sentada, com o calor do fogo, facilmente adormece e tomba. Hoje a expressão é utilizada para qualquer coisa que, dada a sua velhice, se desconjunta facilmente.

Gatos pingados

Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão " gatos pingados " passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Chá de cadeira

Em 1808, a chegada da Família Real em terras brasileiras estabeleceu uma série de mudanças na cidade do Rio de Janeiro. Preocupados em preservar a distinção de seu cargo, os membros da Corte Lusitana estabeleceram uma série de medidas e práticas que simbolizavam sua posição superior. Além disso, novos hábitos de consumo, padrões estéticos e rotinas viriam a conceber a cidade do Rio de Janeiro enquanto capital do Império Português.

Dada a Independência do Brasil, a distinção entre os membros da elite e a população menos favorecida ganhou outros tantos elementos. Nessa época, a impontualidade servia como um artifício que atestava a importância de uma autoridade. Por isso, mesmo que não houvesse contratempo, os nobres e altos membros da burocracia deixavam as pessoas esperando horas e horas por uma
audiência. Isso significava que falar com “senhor fulano” ou o “doutor beltrano” era um privilégio único.

Geralmente, enquanto esperava pela oportunidade de serem ouvidos, os súditos tomavam xícaras e mais xícaras de chá que auxiliavam naquele interminável
exercício de paciência. Provavelmente, foi por conta desse hábito nada respeitoso que as pessoas começaram a dizer que tomaram um “chá de cadeira” enquanto esperavam ter uma reivindicação atendida. De fato, esses padrões estavam bem distantes da lendária pontualidade associada aos britânicos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Queimar as pestanas

Antes do aparecimento da eletricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar num mometo de descuido queimar as pestanas. Por essa razão, aplica-se àqueles que estudam muito.

Pomo da discórdia

A raiz dessa expressão está na mitologia grega, segundo a qual, Éris – a deusa da discórdia – foi a única a não ser convidada para o casamento entre Tétis e Peleu. Por isso, decidiu ir à cerimônia para vingar-se. Jogou sobre a mesa da cerimônia uma maçã de ouro (o pomo) com a inscrição “À mais bela”. O presente provocou a discórdia entre Hera, Atena e Afrodite: as três reclamaram o título. A decisão coube a Páris e a escolhida foi Afrodite, que prometeu a ele a mais bela das mulheres como esposa. Tal mulher era Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta. Helena fugiria com Páris para Tróia, provocando a lendária guerra entre gregos e troianos.

Surdo como uma porta

Grande parte dos estudiosos da língua atribui à Roma antiga a origem da expressão usada para designar pessoas que não escutam direito. Na época, as portas tinham um caráter meio mágico. Quem passava por elas saía de um mundo, o externo, e entrava em outro. “Ultrapassar uma porta, uma passagem, era estar sob o controle de uma divindade doméstica, que podiam ser os conhecidos por deuses lares ou o espírito da casa, o genius”, diz o historiador Pedro Paulo Funari, da Universidade Estadual de Campinas.
Os romanos, por isso, tinham como hábito falar palavras mágicas em frente às portas, além de fazer pedidos a elas. E passaram a relacionar os pedidos que não se concretizavam a uma suposta “surdez” da porta. Esse velho costume foi registrado pelo escritor latino Festo, que viveu no século 4.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Baderna

Uma bailarina de nome Marietta Baderna fazia muito sucesso no Teatro Alla Scalla, de Milão. Ao apresentar-se no Brasil, em 1851, causou frisson entre seus fãs, logo apelidados de “os badernas”. O sobrenome da artista, de comportamento liberal demais para os padrões da época, deu origem ao termo que significa confusão, bagunça.

Para inglês ver

A expressão surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o tráfico de escravos. No entanto, todos sabiam que essas leis não seriam cumpridas. Assim, essas leis eram criadas apenas "para inglês ver". Daí surgiu o termo.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vá plantar batatas

A origem desta frase é portuguesa. Antigamente, em Portugal, país mais voltado às navegações e à pesca, a agricultura, conquanto fornecedora de alimentos básicos, era vítima de certo desdém. Algumas de suas culturas eram ainda mais depreciadas, como era o caso da batata, que demorou a entrar para a culinário portuguesa e brasileira. Era tida como alimento vulgar, e quem se dedicasse a plantar batatas estava se sujeitando a uma atividade desqualificada. A expressão aparece registrada em O povo português, obra do famoso poeta, folclorista e político lusitano Teófilo Braga (1843-1924), comentando a decadência das pequenas indústrias, ocasião em que trabalhadores qualificados, de repente sem emprego, foram aconselhados a plantar batata.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Entrar com o pé direito

Esta frase revela antiga superstição que o Império Romano espalhou no mundo inteiro. Nas festas realizadas na antiga Roma os convidados eram avisados de que deveria entrar nos salões dextro pede (com o pé direito) para evitar o agouro. Famosas personalidades brasileiras seguiram essa recomendação, entre as quais Rui Barbosa, que a registrou em discurso proferido às vésperas da posse do marechal Hermes da Fonseca (1855-1923): "que o novo presidente entre com o pé direito". Mas ninguém acatou mais a superstição que Alberto Santos Dumont, que mandou construir em sua residência escadas por onde só era possível subir ou descer iniciando-se o percurso com o pé direito.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

É de tirar o chapéu

Foi no reinado de Luís XIV, o Rei Sol, que a França disciplinou as saudações feitas com o chapéu. O costume vinha dos templos da mais parda das eminências, o cardeal Richelieu, à época de Luís XIII. Os cumprimentos podiam ser feitos com um toque na aba; erguendo-o um pouco, sem retirá-lo da cabeça; tirando-o inteiramente ou fazendo-o roçar no chão, quase como uma vassoura, tudo dependendo da importância social de quem era saudado. Como se sabe, os Luíses XIII e XIV foram reis que se preocuparam muito com chapéus. Logo depois, um os mais famosos da sequência, Luís XVI, perdeu muito mais do que o chapéu: a própria cabeça, na Revolução Francesa.

domingo, 7 de novembro de 2010

A cavalo dado não se olham os dentes

Sua mãe provavelmente ensinou a nunca desdenhar daquilo que você recebe de presente. Se um dia você ganhar um cavalo, por exemplo, nunca olhe a arcada dentária do animal na frente de quem te deu. Isso porque os dentes do cavalo não nascem de uma vez, sendo que os últimos só surgem no quarto ou quinto ano de vida do animal. Assim, olhar os dentes dele significa verificar qual a idade do equino, o que pode ser bastante deselegante. Na satírica visão de Mário Prata, no livro “Mas será o Benedito?”, a expressão popular no entanto tem raiz histórica na avareza da família real portuguesa. Ao chegar ao Brasil, Dom João VI teria usado cavalos em péssimo estado como moeda de troca. E a quem reclamava ele usava a expressão “a cavalo dado não se olham os dentes”.

Encher Linguiça

Quando falamos ou escrevemos coisas sem importância, apenas para ocupar mais tempo ou espaço, dizemos que estamos "enchendo linguiça". De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, essa expressão derivou de um sentido figurado. Sua origem está no processo de fabricação de linguiças, que são feitas com diferentes tipos de carnes. Esse material é processado, unido a temperos, condimentos e gordura e depois misturado até formar uma massa uniforme. Terminado esse processo, é hora de encher linguiça, ou seja, de colocar esse material dentro das tripas até que elas fiquem com o aspecto do alimento. Hoje em dia, o controle de qualidade é mais rigoroso, mas houve um tempo em que qualquer resto de carne e gordura servia. Daí a origem da expressão.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Foi o Maior Arranca-rabo

Esta frase, que exprime grande confusão, nasceu do deplorável costume que os primeiros guerreiros adotaram nos campos de batalha, consistindo em cortar os rabos das montarias dos inimigos. Um oficial do exército do faraó Tutmés III (1504-1450 a.C.) ensejou um de seus primeiros registros ao vangloriar-se de ter decepado a cauda do cavalo do próprio rei adversário, para ele um ato tão importante que o inscreveu em seu epígrafo. O costume chegou a Portugal, de onde veio para o Brasil, tendo sido aplicado não somente aos cavalos, mas também ao gado das fazendas inimigas, para humilhar seus proprietários. 

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Custar os Olhos da Cara


A história desta frase começa com um costume bárbaro de tempos muitos antigos, que consistia em arrancar os olhos de governantes depostos, de prisioneiros de guerra e de indivíduos que, pela influência que detinham, ameaçavam a estabilidade dos novos ocupantes do poder. Cegos, eles seriam inofensivos ou menos perigosos. Naturalmente, a expressão alude também ao incomparável valor da visão. Por isso, pagar alguma coisa com a perda dos olhos passou a ser sinônimo de custo excessivo, que ninguém pode pagar. A expressão tem servido para designar preços exagerados em qualquer produto. Um dos primeiros a registrá-la foi o escritor romano Plauto (254-184 a.C.), numa das 130 peças de teatro que escreveu.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Dar uma de João-sem-braço

A expressão é usada para designar as pessoas que escapam de fazer alguma coisa, dando uma desculpa que não se justifica. De acordo com o escritor Deonísio da Silva, autor de "A Vida Íntima das Frases", ela teria vindo da época das guerras civis de Portugal. Os feridos e aleijados não podiam trabalhar nem voltar à luta. "Simular não ter um ou os dois braços constitui-se em escusa para fugir ao trabalho e a outras obrigações. Não demorou e a expressão 'dar uma de João-sem-braço' migrou para o rico, sutil e complexo reino da metáfora, aplicando-se a diversas situações em que a pessoas se omite, alegando razão insustentável".

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Puxa-saco

A expressão puxa-saco começou a ser usada na era militar. Os oficiais não colocavam suas roupas em malas, mas em sacos durante as missões. E quem carregava as bagagens para tudo que é lado eram os soldados.
As roupas, os mantimentos eram carregados em sacos e os soldados levavam tudo deles e dos seus oficiais, lá dos chefões dos quartéis, como cabo, general, etc. Levar esses sacos era algo pesado e contra a vontade pois era obrigatório e não opcional. Então os sacos eram puxados e isso virou sinônimo de submissão, bajulação.
A expressão "puxa-saco" com o passar dos anos passou a definir todos que bajulavam superiores ou qualquer outra pessoa para agradar com segunda intenção.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Enfiar o Pé na Jaca

A expressão significa embriagar-se, cometer excessos, mas não tem nada a ver com a fruta amarela nativa da Ásia. O certo seria ‘‘enfiar o pé no jacá”, com acento. Jacá, do tupi “aya’ka”, era um cesto feito de bambu ou cipó. Ele era usado preso no lombo de animais de transporte de carga no Brasil colonial, entre os séculos 17 e 18. Em suas viagens, quando os tropeiros paravam em vendinhas e exageravam na bebida, passavam por situações constrangedoras, como pisar nos  jacás na hora de montar no cavalo e se esborrachar no chão.

A Presidente ou A Presidenta?

Eleita para a Presidência da República, Dilma Rousseff  suscita uma dúvida. A partir de 1° de janeiro, ela será chamada de presidente ou presidenta do Brasil? 
As duas formas são aceitas pelos dicionários de língua portuguesa para definir a mulher que ocupa o cargo máximo de um país.

sábado, 30 de outubro de 2010

Debaixo desse Angu tem Caroço

A origem é na época da escravidão quando, na hora da alimentação, aos escravos era entregue uma cuia e eles entravam numa fila para receberem o seu alimento, que era sempre uma porção de angu de fubá que lhes era servido também por uma escrava que, sempre que podia, dava um jeitinho de esconder algum pedaço de carne, ou algum torresmo, debaixo do angu que lhes estava servindo e, então, algum outro escravo que percebesse isso costumava comentar o fato com o seu companheiro do lado, o que era comum que o fizesse usando essa expressão. Hoje significa que alguém está escondendo alguma coisa. 


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

De Meia-Tigela

Na linguagem popular, é coisa de pouco valor. A origem da expressão nos leva aos tempos da monarquia portuguesa. Nela, as pessoas que prestavam serviço à Corte – camareiros, pajens, criados em geral – obedeciam a uma hierarquia, com obrigações maiores ou menores, dependendo do posto de cada um.

Alimentavam-se no próprio local de trabalho e recebiam quantidade de comida proporcional à importância do serviço prestado. Assim, alguns comiam em tigela inteira, outros em meia-tigela, critério definido pelo Livro da Cozinha del Rey e rigorosamente observado pelo funcionário do palácio conhecido como veador, o comprador ou dispenseiro, aquele que supervisionava as iguarias que chegavam à mesa real – na verdade, o grande fiscal da comilança palaciana. Hoje, essa odiosa discriminação deixou de existir, mas ficou o sentido figurado da expressão, que continua designando coisas ou pessoas irrelevantes no seu meio social.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Fazer Boca de Siri

Boca vem do latim bucca e siri, esse crustáceo decápode, vem do tupi si’ri’, que significa correr, deslizar, andar para trás, segundo mestre Antenor Nascentes. A expressão é empregada para designar aqueles que se mantêm discretos e reservados em relação a determinado assunto, que conseguem guardar segredo. A analogia é porque a boca do bicho dificilmente se abre

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Cair a Ficha

A expressão ainda é bastante popular, mas já não faz sentido, pela simples razão de que não se usa mais ficha para falar em telefone público. Agora é cartão. 
Vale a pena contar um pouco de história. Desde 1930, os telefones públicos funcionavam com moedas de 400 réis. Veio a inflação, e galopante, o que fez com que, a partir dos anos 70, o governo preferisse a utilização de fichas. Só com elas seria possível acionar os chamados orelhões, equipamento urbano que virou figurinha fácil nas cidades brasileiras, embora vândalos e cafajestes, sem motivo algum, destruíssem boa parte deles, verdadeira estupidez. Esse tipo de ficha só caía após ser completada a ligação, o que fez nascer a expressão cair a ficha, ou seja, o momento em que conseguimos entender alguma coisa. As fichas desapareceram em 1992 e deram lugar aos cartões, até hoje em vigor, mas a expressão continua sendo lugar comum em nosso cotidiano.

Segurar Vela

Quando não existiam as lâmpadas (que podiam ser alimentadas por óleo de baleia ou gás), as velas eram a principal fonte de luz. Por isso, na Idade Média, os iniciantes em todo tipo de trabalho braçal seguravam velas para que os mais experientes enxergassem o que faziam. Em teatros e outros lugares que funcionavam à noite, por exemplo, havia garotos acendedores de vela. Entre 1500 e 1600, “segurar vela” passou a significar “ajudar em uma posição subordinada, desconfortável”. Com o tempo, serviu para designar a amante de um triângulo amoroso, e, mais recentemente, o amigo solteiro que acompanha um casal.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Do Tempo do Ronca

A expressão correta é do tempo do onça, não conheço registro para esse ronca. E quem era o onça? Era o governador da cidade do Rio de Janeiro Luís Vahia Monteiro, militar português que lá chegou em 1725. Muito ranzinza e severíssimo, ganhou esse apelido de onça do povão, que o odiava. Destituído do cargo 7 anos depois, sumiu das terras cariocas deixando um rastro de profunda antipatia e a lembrança de um tempo ruim, o tempo do onça...



Acabar em Pizza

Uma das expressões mais comuns quando alguém quer criticar a política é: “tudo acabou em pizza.” Trata-se de quando algo errado é resolvido sem que ninguém seja punido e sem nenhuma solução adequada. O termo surgiu através do futebol. Na década de 60, alguns cartolas palmeirenses se reuniram para resolver alguns problemas e durante 14 horas seguidas de brigas e discussões, estavam morrendo de fome. Então, todos foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas gigantes, depois disso, foram para casa e a paz reinou absolutamente. Depois desse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava na Gazeta Esportiva, fez uma manchete: “Crise do Palmeiras termina em pizza”, daí em diante o termo pegou.

domingo, 24 de outubro de 2010

Como Gato e Rato

Embora a origem da expressão se relacione à perseguição dos gatos aos ratos, não foram os bichos que tornaram famosa a frase. No começo do século 20, a vida política da Inglaterra estava restrita aos homens. E muitas mulheres começaram a lutar, algumas vezes de forma violenta, para garantir o direito ao voto. Muitas delas acabavam presas. Na cadeia, faziam greve de fome. Para evitar que as ativistas morressem e dessem um mártir ao movimento, o Parlamento instituiu o "Ato de Soltura Temporária de Prisioneiros Doentes". Determinava que prisioneiras doentes ou enfraquecidas fossem libertadas e, assim que se recuperassem, voltassem para atrás das grades. Pela semelhança com o jeito de os felinos brincarem com a presa, exercitando sua superioridade, a medida logo se tornou conhecida como "Ato do Gato e Rato".

Colocar a mão no fogo

Quando colocamos a mão no fogo por alguém é porque confiamos na inocência dessa pessoa e, por isso, temos certeza de que não vamos nos prejudicar. Na Idade Média, no entanto, colocar a mão no fogo era dor na certa. Essa expressão surgiu de um método nada racional usado pela Igreja para avaliar acusados de heresia. O julgamento consistia em envolver as mãos do réu com estopa e cera e fazer com que ele andasse por alguns metros na frente do juiz e de testemunhas segurando uma barra de ferro em brasa. Com o calor, a cera derretia rapidamente e as mãos ficavam atadas. Três dias depois, a estopa era retirada e as mãos do acusado eram verificadas. Qualquer queimadura era considerada sinal de que a pobre criatura não havia sido protegida por Deus, e por esse motivo seria condenada à morte.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quintos dos Infernos

Durante o século 18, os portugueses cobravam diversos impostos no Brasil, entre os quais a quinta parte (20%) de todo o ouro extraído. Depois da coleta, esses imposto - chamados de quintos - eram enviados para Portugal. O povo da metrópole que achava que o brasil ficava no fim do mundo, dizia: "Lá vem a nau dos quintos dos infernos".

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Salvo pelo Gongo

A Inglaterra é um país pequeno, e nem sempre houve espaço para enterrar todos os mortos. Então, os caixões eram abertos, os ossos tirados e encaminhados ao ossário e o túmulo era utilizado para outro infeliz. Só que, às vezes, ao abrir os caixões, percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia – muito comum na época). Assim, surgiu a idéia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar. Assim, ele seria "saved by the bell", ou "salvo pelo gongo", como usamos hoje.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sem papas na língua

A expressão é uma mistura de espanhol com português. Ela tem origem no termo estrangeiro “no tiene pepitas en la lengua” – em português, “não tem pevides na língua”. Pevides são pequenos tumores que revestem a língua de algumas aves, obstruindo-lhes o cacarejo. A doença dificulta a ingestão de água e de alimentos, podendo até matar.
No singular, pevide é ainda um distúrbio da fala – o paciente apresenta dificuldade e até mesmo incapacidade de pronunciar alguns fonemas.
Assim, quando fulano não tem as tais pepitas – que, no aumentativo em espanhol viram as papas da expressão – na língua, significa que ele fala muito, à vontade e sem obstáculos.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Toque de Caixa

Nos tempos passados essa expressão se referia ao costume que os chefes militares tinham de utilizar o toque da caixa, uma espécie de tambor, para orientar os seus comandados. A invenção chegou até a Europa por meio da expansão dos muçulmanos, que já fazia uso desse instrumento para promover rituais religiosos e reuniões militares. Atualmente refere-se a uma tarefa que se tem de fazer rapidamente, eventualmente a mando de alguém ou mesmo à força.

domingo, 17 de outubro de 2010

Negócio da China

A expressão foi criada durante o século 19, época em que a Inglaterra dominou o comércio de ópio na China. A concessão de Hong Kong à Inglaterra após a Guerra do Ópio deu uma conotação ainda mais clara à expressão.
Afinal, além de se compensarem por uma guerra que injustamente provocaram, os ingleses abocanharam parte do território chinês transformando-o numa ponta de lança permanente do Império Britânico na região.
Com a revolução chinesa, negócio da China passou a designar toda e qualquer relação comercial proveitosa apenas para uma das partes.