quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Chá de cadeira

Em 1808, a chegada da Família Real em terras brasileiras estabeleceu uma série de mudanças na cidade do Rio de Janeiro. Preocupados em preservar a distinção de seu cargo, os membros da Corte Lusitana estabeleceram uma série de medidas e práticas que simbolizavam sua posição superior. Além disso, novos hábitos de consumo, padrões estéticos e rotinas viriam a conceber a cidade do Rio de Janeiro enquanto capital do Império Português.

Dada a Independência do Brasil, a distinção entre os membros da elite e a população menos favorecida ganhou outros tantos elementos. Nessa época, a impontualidade servia como um artifício que atestava a importância de uma autoridade. Por isso, mesmo que não houvesse contratempo, os nobres e altos membros da burocracia deixavam as pessoas esperando horas e horas por uma
audiência. Isso significava que falar com “senhor fulano” ou o “doutor beltrano” era um privilégio único.

Geralmente, enquanto esperava pela oportunidade de serem ouvidos, os súditos tomavam xícaras e mais xícaras de chá que auxiliavam naquele interminável
exercício de paciência. Provavelmente, foi por conta desse hábito nada respeitoso que as pessoas começaram a dizer que tomaram um “chá de cadeira” enquanto esperavam ter uma reivindicação atendida. De fato, esses padrões estavam bem distantes da lendária pontualidade associada aos britânicos.

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