sábado, 30 de outubro de 2010

Debaixo desse Angu tem Caroço

A origem é na época da escravidão quando, na hora da alimentação, aos escravos era entregue uma cuia e eles entravam numa fila para receberem o seu alimento, que era sempre uma porção de angu de fubá que lhes era servido também por uma escrava que, sempre que podia, dava um jeitinho de esconder algum pedaço de carne, ou algum torresmo, debaixo do angu que lhes estava servindo e, então, algum outro escravo que percebesse isso costumava comentar o fato com o seu companheiro do lado, o que era comum que o fizesse usando essa expressão. Hoje significa que alguém está escondendo alguma coisa. 


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

De Meia-Tigela

Na linguagem popular, é coisa de pouco valor. A origem da expressão nos leva aos tempos da monarquia portuguesa. Nela, as pessoas que prestavam serviço à Corte – camareiros, pajens, criados em geral – obedeciam a uma hierarquia, com obrigações maiores ou menores, dependendo do posto de cada um.

Alimentavam-se no próprio local de trabalho e recebiam quantidade de comida proporcional à importância do serviço prestado. Assim, alguns comiam em tigela inteira, outros em meia-tigela, critério definido pelo Livro da Cozinha del Rey e rigorosamente observado pelo funcionário do palácio conhecido como veador, o comprador ou dispenseiro, aquele que supervisionava as iguarias que chegavam à mesa real – na verdade, o grande fiscal da comilança palaciana. Hoje, essa odiosa discriminação deixou de existir, mas ficou o sentido figurado da expressão, que continua designando coisas ou pessoas irrelevantes no seu meio social.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Fazer Boca de Siri

Boca vem do latim bucca e siri, esse crustáceo decápode, vem do tupi si’ri’, que significa correr, deslizar, andar para trás, segundo mestre Antenor Nascentes. A expressão é empregada para designar aqueles que se mantêm discretos e reservados em relação a determinado assunto, que conseguem guardar segredo. A analogia é porque a boca do bicho dificilmente se abre

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Cair a Ficha

A expressão ainda é bastante popular, mas já não faz sentido, pela simples razão de que não se usa mais ficha para falar em telefone público. Agora é cartão. 
Vale a pena contar um pouco de história. Desde 1930, os telefones públicos funcionavam com moedas de 400 réis. Veio a inflação, e galopante, o que fez com que, a partir dos anos 70, o governo preferisse a utilização de fichas. Só com elas seria possível acionar os chamados orelhões, equipamento urbano que virou figurinha fácil nas cidades brasileiras, embora vândalos e cafajestes, sem motivo algum, destruíssem boa parte deles, verdadeira estupidez. Esse tipo de ficha só caía após ser completada a ligação, o que fez nascer a expressão cair a ficha, ou seja, o momento em que conseguimos entender alguma coisa. As fichas desapareceram em 1992 e deram lugar aos cartões, até hoje em vigor, mas a expressão continua sendo lugar comum em nosso cotidiano.

Segurar Vela

Quando não existiam as lâmpadas (que podiam ser alimentadas por óleo de baleia ou gás), as velas eram a principal fonte de luz. Por isso, na Idade Média, os iniciantes em todo tipo de trabalho braçal seguravam velas para que os mais experientes enxergassem o que faziam. Em teatros e outros lugares que funcionavam à noite, por exemplo, havia garotos acendedores de vela. Entre 1500 e 1600, “segurar vela” passou a significar “ajudar em uma posição subordinada, desconfortável”. Com o tempo, serviu para designar a amante de um triângulo amoroso, e, mais recentemente, o amigo solteiro que acompanha um casal.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Do Tempo do Ronca

A expressão correta é do tempo do onça, não conheço registro para esse ronca. E quem era o onça? Era o governador da cidade do Rio de Janeiro Luís Vahia Monteiro, militar português que lá chegou em 1725. Muito ranzinza e severíssimo, ganhou esse apelido de onça do povão, que o odiava. Destituído do cargo 7 anos depois, sumiu das terras cariocas deixando um rastro de profunda antipatia e a lembrança de um tempo ruim, o tempo do onça...



Acabar em Pizza

Uma das expressões mais comuns quando alguém quer criticar a política é: “tudo acabou em pizza.” Trata-se de quando algo errado é resolvido sem que ninguém seja punido e sem nenhuma solução adequada. O termo surgiu através do futebol. Na década de 60, alguns cartolas palmeirenses se reuniram para resolver alguns problemas e durante 14 horas seguidas de brigas e discussões, estavam morrendo de fome. Então, todos foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas gigantes, depois disso, foram para casa e a paz reinou absolutamente. Depois desse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava na Gazeta Esportiva, fez uma manchete: “Crise do Palmeiras termina em pizza”, daí em diante o termo pegou.

domingo, 24 de outubro de 2010

Como Gato e Rato

Embora a origem da expressão se relacione à perseguição dos gatos aos ratos, não foram os bichos que tornaram famosa a frase. No começo do século 20, a vida política da Inglaterra estava restrita aos homens. E muitas mulheres começaram a lutar, algumas vezes de forma violenta, para garantir o direito ao voto. Muitas delas acabavam presas. Na cadeia, faziam greve de fome. Para evitar que as ativistas morressem e dessem um mártir ao movimento, o Parlamento instituiu o "Ato de Soltura Temporária de Prisioneiros Doentes". Determinava que prisioneiras doentes ou enfraquecidas fossem libertadas e, assim que se recuperassem, voltassem para atrás das grades. Pela semelhança com o jeito de os felinos brincarem com a presa, exercitando sua superioridade, a medida logo se tornou conhecida como "Ato do Gato e Rato".

Colocar a mão no fogo

Quando colocamos a mão no fogo por alguém é porque confiamos na inocência dessa pessoa e, por isso, temos certeza de que não vamos nos prejudicar. Na Idade Média, no entanto, colocar a mão no fogo era dor na certa. Essa expressão surgiu de um método nada racional usado pela Igreja para avaliar acusados de heresia. O julgamento consistia em envolver as mãos do réu com estopa e cera e fazer com que ele andasse por alguns metros na frente do juiz e de testemunhas segurando uma barra de ferro em brasa. Com o calor, a cera derretia rapidamente e as mãos ficavam atadas. Três dias depois, a estopa era retirada e as mãos do acusado eram verificadas. Qualquer queimadura era considerada sinal de que a pobre criatura não havia sido protegida por Deus, e por esse motivo seria condenada à morte.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quintos dos Infernos

Durante o século 18, os portugueses cobravam diversos impostos no Brasil, entre os quais a quinta parte (20%) de todo o ouro extraído. Depois da coleta, esses imposto - chamados de quintos - eram enviados para Portugal. O povo da metrópole que achava que o brasil ficava no fim do mundo, dizia: "Lá vem a nau dos quintos dos infernos".

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Salvo pelo Gongo

A Inglaterra é um país pequeno, e nem sempre houve espaço para enterrar todos os mortos. Então, os caixões eram abertos, os ossos tirados e encaminhados ao ossário e o túmulo era utilizado para outro infeliz. Só que, às vezes, ao abrir os caixões, percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia – muito comum na época). Assim, surgiu a idéia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar. Assim, ele seria "saved by the bell", ou "salvo pelo gongo", como usamos hoje.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sem papas na língua

A expressão é uma mistura de espanhol com português. Ela tem origem no termo estrangeiro “no tiene pepitas en la lengua” – em português, “não tem pevides na língua”. Pevides são pequenos tumores que revestem a língua de algumas aves, obstruindo-lhes o cacarejo. A doença dificulta a ingestão de água e de alimentos, podendo até matar.
No singular, pevide é ainda um distúrbio da fala – o paciente apresenta dificuldade e até mesmo incapacidade de pronunciar alguns fonemas.
Assim, quando fulano não tem as tais pepitas – que, no aumentativo em espanhol viram as papas da expressão – na língua, significa que ele fala muito, à vontade e sem obstáculos.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Toque de Caixa

Nos tempos passados essa expressão se referia ao costume que os chefes militares tinham de utilizar o toque da caixa, uma espécie de tambor, para orientar os seus comandados. A invenção chegou até a Europa por meio da expansão dos muçulmanos, que já fazia uso desse instrumento para promover rituais religiosos e reuniões militares. Atualmente refere-se a uma tarefa que se tem de fazer rapidamente, eventualmente a mando de alguém ou mesmo à força.

domingo, 17 de outubro de 2010

Negócio da China

A expressão foi criada durante o século 19, época em que a Inglaterra dominou o comércio de ópio na China. A concessão de Hong Kong à Inglaterra após a Guerra do Ópio deu uma conotação ainda mais clara à expressão.
Afinal, além de se compensarem por uma guerra que injustamente provocaram, os ingleses abocanharam parte do território chinês transformando-o numa ponta de lança permanente do Império Britânico na região.
Com a revolução chinesa, negócio da China passou a designar toda e qualquer relação comercial proveitosa apenas para uma das partes.

sábado, 16 de outubro de 2010

Erro Crasso

Na Roma antiga, o poder era dividido por três pessoas. O primeiro triunvirato era constituído pelos generais Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos.
Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações romanas clássicas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade.
Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo que Crasso foi um dos primeiros a morrer. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos que se trata de um erro crasso.

Testa de Ferro

O Duque Emanuele Filiberto di Savoia, conhecido como Testa di Ferro foi rei de Chipre e Jerusalém. Mas tinha somente o título e nenhum poder verdadeiro. Daí a expressão ser atribuída a alguém que aparece como responsável por um negócio ou empresa sem que o seja efetivamente.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Como sardinha em lata

A palavra sardinha vem do latim sardina. Designa o peixe abundante na Sardenha, conhecida região da Itália. É um alimento apreciado e nutritivo, de sabor bem peculiar.
As sardinhas, quando enlatadas em óleo ou em outro molho, vêm coladas umas às outras. Por analogia, usa-se a expressão popular sardinha em lata para designar a superlotação de veículos de transporte público.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Comer com os olhos

Quando fitamos alguma coisa com insistência e cobiça, dizemos que a estamos “comendo com os olhos”. Segundo Luís da Câmara Cascudo, no livro Locuções Tradicionais do Brasil, a expressão tem origem na crença antiga de que os olhos têm poderes mágicos. Na África Ocidental, os soberanos acreditavam que certos olhares absorviam a substância vital dos alimentos. Por isso, não permitiam que ninguém assistisse às suas refeições. Já na Roma antiga, durante as festividades dedicadas às almas dos mortos, os participantes apenas olhavam fixamente os alimentos, sem tocá-los. Em respeito ao morto, eles comiam com os olhos... 
Hoje o ditado significa apreciar de longe, sem tocar.
 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Voz do Povo é a Voz de Deus

A expressão veio do latim vox populi, vox Dei. Há milênios o povo simples considera que o julgamento popular é a voz de Deus. A origem desta crença tem raízes em diversas culturas. Começou em Acaia, no Peloponeso, onde o deus Hermes se manifestava em seu templo. O consulente entrava, fazia a pergunta ao oráculo, depois, tapava as orelhas com as mãos e saía do recinto. Perguntava-se a um deus, mas era o povo quem respondia.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Virar a Casaca

Conforme lhe parecia mais conveniente, o duque de Savóia, Carlo Emanuele I, ora aliava-se à França, ora à Espanha. Tinha uma casaca interessante: branca de um lado, vermelha do outro, e que se poderia usar de qualquer deles. Para a França, o lado branco, para a Espanha, o vermelho.
Daí chamar de vira casaca a pessoa que muda frequentemente de opinião, de partido político, de idéias, conforme a conveniência própria.


domingo, 10 de outubro de 2010

Tirar o Pai da Forca

Essa frase é atribuída ao fato de Santo Antônio, estando em Pádua, ter que ir apressadamente até Lisboa para livrar seu pai da forca, lenda muito conhecida que nos legou essa frase que tem tanta atualidade neste século onde quase todo mundo corre “como quem vai tirar o pai da forca” e significa  fazer algo com pressa.


Pôr em pratos limpos

Quando, em 1765, foi aberto o primeiro restaurante, na França, estabeleceu-se que a conta seria paga após a pessoa comer, ao contrário do que depois veio a acontecer com os lanches rápidos. Quando o garçom vinha cobrar a conta e o cliente ainda não havia feito a sua refeição, os pratos limpos eram a prova que ele nada devia. Atualmente, significa esclarecer uma situação nebulosa.

Farinha do mesmo saco



Homines sunt ejusdem farinae. Esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. Como a farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha ruim, faz-se essa comparação para insinuar que os bons andam com os bons enquanto os maus preferem os maus.

sábado, 9 de outubro de 2010

Dar de mão beijada

Tem origem no ritual das doações ao rei ou ao papa. Em cerimônia de beija-mão, os fiéis mais abastados faziam as suas ofertas, que podiam ser terra, prédios e outras dádivas generosas. Desde então, a expressão simboliza favorecimentos.

De pequenino é que se torce o pepino

Os agricultores que cultivam os pepinos precisam de dar a melhor forma a estas plantas. Retiram uns olhinhos para que os pepinos se desenvolvam. Se não for feita esta pequena poda, os pepinos não crescem da melhor maneira porque criam uma rama sem valor e adquirem um gosto desagradável.
Assim como é necessário dar a melhor forma aos pepinos, também é preciso moldar o caráter das crianças o mais cedo possível.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A Vaca Foi para o Brejo

Quando a seca é mais violenta, os animais começam a procurar os brejos, regiões que permanecem alagadas por mais tempo. É sinal de que a situação piorou.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Colocar Panos Quentes

Significa favorecer ou acobertar coisa errada feita por outro. Em termos terapêuticos, colocar panos quentes é uma receita, embora paliativa, prescrita pela medicina popular desde tempos remotos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Ficar a Ver Navios

Significado: Esperando algo que não aconteceu ou não apareceu. Esperar em vão.
O rei de Portugal, Dom Sebastião, morreu na batalha de Alcácer-Quibir, mas o corpo não foi encontrado. A partir de então (1578), o povo português esperava sempre o sonhado retorno do monarca salvador. Lembremos que, em 1580, em função da morte de Dom Sebastião, abre-se uma crise sucessória no trono vago de Portugal. A conseqüência dessa crise foi a anexação de Portugal à Espanha (1580 a 1640), governada por Felipe II. Evidentemente, os portugueses sonhavam com o retorno do rei, como forma salvadora de resgatar o orgulho e a dignidade da pátria lusa. Em função disso, o povo passou a visitar com freqüência o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, esperando, ansiosamente, o retorno do dito rei. Como ele não voltou, o povo ficava apenas a ver navios.

domingo, 3 de outubro de 2010

Cheio de Nove Horas

Um costume brasileiro do século 19 relaciona esse horário a indivíduos formais e metódicos. Às nove badaladas noturnas, as pessoas costumavam interromper as visitas e voltar a suas casas. Províncias como Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte tinham até leis determinando que, depois dessa hora, ninguém estava isento de “ser apalpado e revistado” pela polícia. “A figura do sujeito ‘cheio de nove-horas’ surgiu nessa época, para caracterizar pessoas recatadas e apegadas a normas sociais”, afirma José Pereira da Silva, filólogo e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

sábado, 2 de outubro de 2010

Sangria Desatada

Diz-se de qualquer coisa que requer uma solução ou realização imediata. Esta expressão teve origem nas guerras, onde se verificava a necessidade de cuidados especiais com os soldados feridos.
É que se por qualquer motivo, se desprendesse a atadura posta sobre as feridas, o soldado morreria, por perder muito sangue.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vestir a Carapuça

Na época da Santa Inquisição, os condenados eram obrigados a vestir trajes ridículos para comparecer aos julgamentos.
Além de usarem uma túnica com o formato de um poncho, precisavam colocar sobre a cabeça um chapéu longo e pontiagudo, conhecido como carapuça. Daí a expressão vestir a carapuça ou assumir a culpa.